segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O Impulso Criador - Uma Nova Visão da Evolução


O livro intitulado como “O Impulso Criador - Uma Nova Visão da Evolução” é da autoria de Josef H. Reichholf. Josef H. Reichholf é conhecido pelo grande público como biólogo da evolução e ecologista, sendo um dos cientistas mais multifacetados da Alemanha, pois tem a capacidade de explorar com conhecimento os mais diversos temas biológicos.

Após a leitura do livro na sua totalidade, confesso que fiquei bastante impressionada, pois além de ter apreciado bastante o seu conteúdo, as ideias revolucionárias transmitidas pelo autor desviam-se um pouco da visão habitual da evolução em Biologia, sendo a sua intenção contribuir para uma melhor compreensão da evolução. Deste modo recomendava a obra em causa a todas as pessoas para as quais todos os fenómenos e processos que se desenrolam no decorrer da evolução sejam fascinantes, pois é precisamente esse fascínio que o autor transmite, fazendo uma ponte entre todos os fenómenos evolutivos, desde os testemunhos do princípio até aos tempos actuais, ao mesmo tempo que dá a sua opinião e nos mostra a sua visão da evolução, reajustando as teorias de outros autores.

O tema principal abordado no livro diz respeito á evolução, inicialmente num sentido lato, em que o autor refere todo o processo de colonização da terra, interpretando no final a evolução num sentido mais restrito, em que apresenta a sua visão da evolução. Se tivesse de escolher um excerto representativo do conteúdo do livro seria o seguinte: “Assim, se antecipa o que este livro pretende mostrar: o desenvolvimento da vida foi definido pelo desequilíbrio, que produziu o novo e marcou o progresso. Equilíbrios travam o processo de evolução e desse modo criam espaço para as afinações a que pertencem a diferenciação das espécies.”… “Os desequilíbrios através da carência ou excesso são as grandezas decisivas que influenciaram o percurso da vida e a transformação dos organismos.” (Prefácio, pág.16-17).

Fazendo agora referência á estrutura interna do livro, constata-se que este se encontra dividido em três partes, sendo que cada uma está dividida por capítulos. Com efeito, a primeira parte representa os onze capítulos da história da terra, a segunda parte apresenta seis capítulos sobre as forças motrizes da evolução e, finalmente, a terceira parte encerra os cinco capítulos sobre a vida. A organização apresentada no texto revela-se bastante interessante e metódica, uma vez que ajuda o leitor numa melhor compreensão das diferentes etapas evolutivas.

Outro aspecto deveras interessante é compreender a relação que existe entre a imagem da capa e o conteúdo do livro, sendo esta relação bastante explícita na figura central da capa. Com efeito, dado que o contexto do texto é fundamentalmente sobre a evolução, desde o aparecimento das condições que permitiram a ocorrência de vida até ao desenvolvimento dos organismos mais complexos, faz todo o sentido na capa estarem representados os protagonistas de cada fase do desenvolvimento evolutivo, começando nas células mais simples, passando por aqueles que ocuparam uma grande fatia da evolução – dinossauros – até ao aparecimento do homem tal como ele é hoje em dia. Na contra-capa verifica-se a presença da sinopse do livro e uma pequena apreciação feita ao autor.

Um possível resumo do livro pode ser o seguinte:

A obra em causa centra-se essencialmente no fenómeno Evolução. Em primeiro lugar o autor começa por explorar e explicar as condições da terra antes de a vida se ter desenvolvido, sendo que nessa altura a evolução quase que tinha apenas a ver com a experimentação de processos químicos, baseando-se no aproveitamento, por parte de bactérias, do ferro dissolvido na água e do enxofre. Com a penetração do oxigénio na atmosfera (provindo da fotossíntese) começaram a surgir novas formas de vida, sendo estas pioneiras no mar (como algas azuis) e só posteriormente povoaram na terra, sendo a conquista da terra conseguida por plantas. O estabelecimento da vida animal na terra sucedeu-se á das plantas, sendo esta estabelecida em termos de adaptação ao meio naquela época. Simultaneamente, o autor dá ênfase á extinção dos dinossauros. A extinção dos dinossauros permitiu o desenvolvimento e a ascensão dos mamíferos, assim como a expansão dos insectos. A evolução dos diversos grupos animais e vegetais tem um papel determinante no desenvolvimento da biosfera, ocorrendo com o aumento da biomassa terrestre e formação de novos ecossistemas terrestres e aquáticos.

Uma vez descrita a forma de como se processou a evolução, o autor faz agora referência às forças motrizes da evolução: mutação e selecção, tendo já estas marcado presença, indirectamente, no modelo Darwinista. Com efeito, o autor faz referência á teoria de Darwin, não para a refutar mas para a integrar num cenário abrangente e diferente, mostrando aqui uma nova visão de evolução: a do desequilíbrio entre excesso e carência, a formação de novas espécies como resposta dos seres vivos á carência. Na sua visão da evolução, o autor destaca a importância dos excedentes, em que refere que as inovações que se perfilam como progresso da evolução apoiam-se no aproveitamento do material excedente, que tanto pode ser consumido de imediato como considerado um elemento construtivo. É esta relação entre excedentes e carência que impulsiona a evolução, pois são os excedentes que abrem novas possibilidades de adaptação ao meio ambiente, sendo a carência responsável pela adaptação a relações muito concretas e formação de especialistas. A teoria da evolução de Darwin já pressupõe (indirectamente) o conceito de carência, quando Darwin fala da produção excedentária de descendentes que estão sujeitos á selecção, conduzindo á concorrência no caso de limitações de recursos. No entanto, esta teoria não tem em consideração o metabolismo, o que provoca a abertura de algumas lacunas difíceis de explicar.

A recomendação do livro em questão a um colega baseia-se em algumas razões, sendo as principais a presença de uma visão evolutiva diferente daquela que aprendemos no ensino; o facto de o autor apresentar e explicar todos os aspectos da evolução de uma forma pouco enfadonha mas detalhada, sendo por isso um livro de fácil leitura; o livro é uma ferramenta muito importante para o conhecimento dos diferentes estádios da evolução, uma vez que faz uma explicação para cada estádio, sendo compensador aos leitores que por tal se interessam.

O editor deste livro é Instituto PIAGET, sendo Lisboa a local de publicação, em 1994.

1 comentário:

Unknown disse...

mia61666Gostei muito do seu trabalho